Outras Tardes

São outras tardes agora que ela sabe que ele está ao alcance das mãos. São outras tardes desde que ele surgiu de um jeito inimaginável e não esperado. O que há naqueles olhos? - ela se pergunta sempre que se sente mergulhar naquela imensidão de noites insones e esquinas de espera. No que ele acredita? Em duendes, em elfos ou num amor que não machuque a quem deseja simplesmente ser feliz?  São outras tardes desde que ela começou a pensar no quanto seria bom entrelaçar os dedos nas mãos dele e passear sem rumo e sem pressa, filosofando sobre as pessoas, olhando as crianças que riscam amarelinha com giz colorido no asfalto negro porque ainda podem acreditar que é fácil chegar ao céu. Quanto podemos vender de nós mesmos para ter direito a efemeridade das dores e a eternidade dos amores? Ela se olha no espelho. Há um sorriso nos olhos que já viram tanta coisa, há um beijo pra acontecer nos lábios que já falaram adeus muitas vezes. Ela está bonita, pensa examinando com generosidade o reflexo que carrega tantos muitos e outros poucos experimentados. A voz que sussurra não perca a coragem ressoa nos ouvidos ou somente dentro do peito que bate em compasso de uma música perfeita de amor? São outras tardes essas agora que ela sabe que ele está por aí, que ele está pra chegar.

CH.

 

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