O Conforto da Curvatura

Retas sempre avisam que um caminho, seja ele longo ou curto, será relativamente seguro. Curvas mostram que não há garantias no que se vai encontrar depois. Retas são apostas certas. Curvas pedem intuição. Retas são matemáticas. Curvas são humanas. Retas são lineares. Curvas têm múltiplos finais. Retas podem ser infinitas. Curvas têm começo, meio e fim. Retas têm pontos A e B. Curvas podem ser caóticas. Retas simples são  hora marcada num papel. Curvas poligonais são esperança de vida num monitor cardíaco. Retas podem ser paralelas que nunca se encontram. Curvas se aninham. Retas são frias. Curvas são de Santos. Retas concorrem. Curvas acolhem. Retas são retratos repetidos no retrovisor. Curvas são propostas para descobertas. Retas impõem. Curvas propõem. Retas são fundamentos. Curvas são harmonia. Retas competem. Curvas se repetem e apetecem. Retas não aceitam reencontros. Curvas são segundas chances. Retas são a corda bamba onde se equilibra o horizonte. Curvas são o recorte das montanhas na paisagem. Retas são as margens de um livro. Curvas são as histórias dentro dele. Retas são teoremas de invariância. Curvas são  sofismas. Retas estão nas setas. Curvas desenham redemoinhos e furacões. Retas são esquecimento. Curvas são as visitas da saudade. Retas estão no estrado da cama. Curvas estão nos corpos apaixonados. Retas são previsíveis. Curvas são o esconderijo dos acasos. Retas são testes para velocímetros. Curvas aceitam a calma. Retas são axiomas. Curvas são hipérboles. Retas são as linhas. Curvas são as palavras. Retas são quedas livres. Curvas são homeomerias. Retas são as cartas de despedidas. Curvas estão nos sorrisos de boas vindas. Retas são as letras da palavra FIM. Curvas moram no C de COMEÇO.
 
 
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Texto de Corina Haaiga - Todos os Direitos Reservados.

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