Alinhamento

Talvez essa venha a ser a palavra mais importante do ano recém iniciado. "Importante pra quem, Pedro Bó?" - você pode se perguntar. De todos os editoriais que li no fim de 2013, a palavra alinhamento estava em 90% dos textos, salpicada no contexto geral ou usada com cada uma das suas 11 letras. Todas as revistas apontavam que a hora é agora: alinhar desejo, planos e desfraldar velas ao vento para se chegar ao GPS almejado - seja na carreira, no amor, ou para enfrentar melhor os sacolejos da vida.

Particularmente, estou em busca desse alinhamento há muito mais tempo, uma tentativa honesta de obter sustentabilidade de tempo para mim mesma. Funciona assim, segundo meu amigo e guru Simão: tenho que focar em usar minhas capacidades naturais para satisfazer minhas necessidades sem comprometer a minha energia. Traduzindo: devo aprender a viver o corriqueiro sem escantear o que é, de fato, essencial e importante para mim. Parece simples, mas trocando em miúdos, exige um bocado de concentração. Como lutar pela integridade da minha homeostase sem me tornar um bicho feroz que morde quem se aproxima? Aí a porca torce o rabo e eu fico pensando que só mesmo vivendo num ashram na Índia para conseguir sair da pressão que a... hum... modernidade/civilização impõe...

Dar conta do enredo nosso de cada dia, manter os pratinhos girando sobre as varas imaginárias da nossa estrutura emocional é tarefa pra Hércules nenhum botar defeito! Há de se ralar os joelhos e o coração, e chorar até que as cascas caiam transformando a dor em lição aprendida. Bom é poder contar com um colo que sirva de refúgio enquanto retomamos o fôlego para recomeçar.

Viver é cansativo... - ouvi de um amigo, outro dia. Eu complemento para poder concordar: viver uma vida que não nos diz nada é cansativo, isso sim.

CH

Share this: