O título da crônica de hoje é também o nome de uma canção bem interpretada pela Isabella Taviani. Sem razão consciente, ela amanheceu nos meus lábios logo depois de me espreguiçar nessa segunda-feira ensolarada nos trópicos; curioso é que não a ouvia há muito tempo, esquecida dela ao me ocupar de outras notas musicais a frequentar o play da minha fase atual. Quando sentei para trabalhar na revisão do livro novo, cacei essa música no You Tube e a pus para tocar. Fiquei pensando na letra por uns instantes, enquanto me ajeitava para passar horas do meu dia a escrever linhas infindas. Os versos são uma gracinha e a melodia veste a gente de uma alegria suave, gostosa como o vento a refrescar o rosto do calor que castiga o lombo.

 

A gente, na maioria das vezes, quer viver emoções transbordantes, mas falta a coragem para dizer sim a elas. O caminho parece tentador, mas o traseiro não descola da poltrona da nossa zona de conforto. O cavalo passa encilhado e quem se oferece como voluntário para vencer os medos das consequências? Por que será que somos assim tão comodistas na nossa covardia? Não sacudimos as nossas estruturas, um medo absurdo de ver tudo vir abaixo e acabar por levantar a poeira que a gente escondeu por tanto tempo debaixo do nosso tapete emocional... É claro que nadar onde dá pé é muito mais seguro, mas deixar o barco rumar aonde não queremos ir não me parece algo muito inteligente a ser feito, ainda mais quando a vida se mostra curta demais para ser pequena.

 

Dizer sim a uma paixão, dizer sim a paz que é o silêncio entre duas pessoas que aprenderam a conversar por telepatia, dizer sim a uma viagem louca ou ao aconchego, a um outro emprego, a um novo/velho ou melhor amor, a um curso há tanto tempo desejado, à nossa pura companhia... Dizer simplesmente sim ao bom humor, a escolhas feitas corajosamente, aos momentos de puro deleite e também às responsabilidades de calçar os sapatos para andar por caminhos que você mesmo, e mais ninguém, escolheu para serem vividos.

 

Aonde a sua alma passeia quando você sonha com a própria vida?

CH